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O autor desse Blog é estressado, ranzinza, sarcástico, mal amado, egocêntrico, pervertido, preguiçoso, boca suja e teimoso. O lado bom? Ele nunca mudará.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

José Lima Neto

Passando  pra dizer que acho que devo voltar em breve, e pra apostar comigo mesmo que ninguém mais lê isso aqui.



E principalmente pra mostrar pra geral um dos melhores homens que já existiram:



Porra, negão. Já vai fazer um ano que você deixou teu filho branquelo aqui, perdidão.

Se você soubesse como isso aqui ta uma merda sem você.

E não me refiro ao mundo não, me refiro ao meu mundo em particular, com todo meu egoísmo.

Pra quem que eu instalo agora os jogos de pc porque não sabe instalar por conta própria? Quem que viaja comigo pra outro estado só pra se aventurar nas minhas loucuras? Quem que me conta histórias cabeludas e indecentes de sua juventude? Quem que fala pra eu pegar um colchão e migrar pra sua casa quando as coisas em casa tiverem difíceis só por conta de uma reclamação besta de um moleque que na época tinha só 15 anos? Quem que ameaça dar uma lição nos guris da rua por causa de um garoto que não sabia se defender direito? Quem que me ensina as maiores indecências pra praticar com as gurias e ao mesmo tempo como tratar uma mulher bem e com dignidade? Quem vai me dar conselhos pra lidar com a garota que eu amo? Quem vai me ensinar a atirar? Quem vai ser o policial aposentado mais metido a besta que eu já conheci? Quem vai ser meu padrinho? Quem vai ser meu tio? Quem vai confiar tanto em mim como você confiou?

Há vinte anos eu entrei na sua vida e você na minha, e você saiu sem nem me deixar dizer o quanto eu te amava. Isso é tão imperdoável, que me da vontade de te mandar tomar no cu.

Você é foda.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Descensurando sobre a falta de vergonha na cara.


ANTES QUE SAIA DA PÁGINA PORQUE NÃO GOSTOU DA MÚSICA, PEÇO QUE CONTINUE E SIMPLESMENTE DÊ STOP.

Caso saia mesmo assim, então... bom, então vai cagar no mato.

Não é novidade pra ninguém que eu falo de praticamente tudo da forma mais absurdamente normal possível.

Hoje não seria diferente.

Nesse momento em que escrevo são cinco e meia da madrugada.
Pra variar estou com sono, mas não consigo dormir e provavelmente só vou conseguir lá pelas oito (antes que algum viado venha me zoar, já respondo de antemão: Sim, estou desempregado, mas acho que não por muito tempo).

Uma das minhas mil e uma manias autodestrutivas é pensar de mais. Preciso estar sempre ocupado com algo para evitar sobrecargas mentais.

Eu to falando sério.

Enquanto faço algo já estou pensando em duas ou mais coisas, que geralmente não são lá muito produtivas. Em uma dessas sobrecargas mentais, me pego pensando novamente em algo que vem me incomodando já há alguns dias:
Até que ponto podemos ser considerados normais?

Quer dizer... Alguma vez você já se pegou pensando se sua sanidade anda em um nível aceitável?

Ta. Sei que tão com vontade de zoar, vai. Podem sacanear. Mas não muda o fato de que estou falando sério.
Não cometi nenhum crime, nem tenho fantasias sexuais envolvendo bambú e óleo quente. Apenas me pergunto por que diabos o mundo inteiro parece se enquadrar em um padrão de normalidade que inclui coisas em minha opinião absurdas como:
Fanatismo religioso, penalidades extremamente leves para criminosos hediondos, censura mascarada (besta é quem pensa isso não existe mais) e uma distorção de princípios morais que vem quebrando a cada dia uma nova barreira.

Essa semana mesmo estava relembrando alguns vídeos de um tal de pastor Francisco. Ééé, esse mesmo que você deve estar pensando... O famoso “ex-bruxo tio Chico”.

Confesso que nunca dei muita bola mesmo já tendo ouvido falar do sujeito em questão, até terem me dito para olhar na internet os vídeos dele (não sei realmente dizer agora se são atuais ou não, mas isso não importa). Com o saco pesado antes mesmo de abrir o youtube, porque odeio qualquer coisa que lembre palestra, comecei a escutar o suposto testemunho do pastor que se intitula ex-bruxo.

Sabe aqueles desenhos animados em que a parte inferior da mandíbula vai parar no pé de tão chocado que a gente fica com determinada coisa? Pois é.

O cara com nome de integrante da família Adans, me deixou assim.

O tio Chico começou o testemunho de forma normal, descontraído, exaltando sempre o nome de Deus e tudo mais como quase todo culto que quem freqüenta igreja evangélica está acostumado, até que a coisa começou a ir pra um caminho meio... Duvidoso.

Relatando um pouco de suas supostas experiências de vida ele menciona que já foi maçom e eu já pensei “Porra, pra que colocar outra religião no meio?”, e mesmo de nariz torto, continuei escutando até ele começar o que seria dalí pra frente, uma comédia no melhor estilo stand up.

“O maldito do inferno me deu duas mansões, dois apartamentos em Brasília, duas casas, uma chácara, uma fazenda, me deu quatro empresas... quando eu prestava serviço aos órgãos públicos, a câmara, ao senado, congresso, tribunal de justiça e Banco Central do Brasil... (fôlego)... Fui chefe de gabinete do Banco Central do Brasil concursado por oito anos... Satanás me deu uma limusine, uma Ferrari, uma Mercedes e uma BMW...”

E ONDE DIAAAAABOS VOCÊ COLOCOU TUDO ISSO? Ok, tamanho da garagem não importa... tava começando a ficar interessante...

“Quantas vezes minha esposa ligava pra mim falando ‘Eu quero almoçar em Miame, eu quero ir pra Tóquio...’ Eu conheço esse país, esse mundo tooodo. Quantas vezes eu cheguei em casa com 400 ou 450 mil dólares jogando sobre a cama e dizendo ‘Aqui em casa nós estamos é enchendo o travesseiro com dinheiro’? ... Satanás me transformou em ladrão, ladrão fino... não esses que roubam dez reais por noite, ladrão de colarinho e de gravata.. Eu roubava dentro do banco na época que eu trabalhava no Banco Central... Então final de semana eu pegava todo o dinheiro do... do... do... (PARA DE GAGUEJAR TIO CHICO!!) do banco, deixava uma quantidade mínima no nas conta do... do... dos cliente que... da agência do banco central”

Você ta zuando com a minha cara neh?

VOCÊ SÓ PODE TA ZUANDO COM A BIROSCA DA MINHA CARA, NEH TIO CHICO?

E eu aqui igual um trouxa querendo fazer medicina... Me fala qual foi a esquina da sua encruzilhada!!

“Ele me transformou em estelionatário! Eu respondo a processo na polícia federal, militar e civil em Brasília. Eu fui o maior estelionatário de Brasília onde eu falsifiquei mil e oitocentas folhas em cheque... Ele me transformou em traficante de drogas do comando vermelho, eu comandava 350 homens do tráfico na favela da rocinha e traficava pra Brasília, Goiânia onde lá eu tinha comunhão com Fernando Beira-mar, Escadinha e com Marcinho VP...”

CADÊ O BAINO, TIO CHICO? CADÊ O BAINO??! TA DE MÁ VONTADE? CADÊ O BAIANO, PORRAAA??!!!

“Eu andava com uma R-15, uma 9mm, uma 765 e uma escopeta.”

                                                                     ...


                                                       Tio chico armado para matar

“Fui usuário, usei todo tipo de droga a chegar em um grau de overdose. Uma vez eu tava tão desesperado por droga que eu apliquei 20 ml de gasolina do meu carro na veia, eu fiquei louco.. foram 20 homens do corpo de bombeiro, me amarraram num poste num centro de Brasília e eu ainda consegui quebrar as cordas e bater nos policiais...”


                                                                                                        
                                                                                                                    Chuck Norris aprova


“Ele me transformou em homossexual, porque todo pai de santo é homossexual!”

Rapaz, olha só o que você ta falando...

“Eu passei oito meses fora de casa, eu passei oito meses na minha fazenda convivendo com outra coisa...Eu passei oito meses onde eu me apaixonei por outra, onde eu beijava, onde eu dormia e onde eu fazia algo mais...”

Ah, tio Chico safadão. Tu é desses neh? Toca aqui!  o/

 “Eu mandei fazer um vestido pra ela, eu saia com ela de carro, levava ela pro centro de Brasília, houve um incidente em um shopping de lá que foi um escândalo, não vou nem falar...”

Caramba, esse era safado mesmo, heim. Até o no shopping, haha...

“O diabo fez eu me apaixonar por uma cadela, uma fila brasileira que eu criava na minha fazenda!”


VOCÊ FAZIA O QUÊ???!!! PUUUTA MERDA...
       

                                   





           DR. HOUSE ESTÁ SEM PALAVRAS...













“No meu centro, o centro do tio Chico, eu só atendia elite... XUXA!PRESIDENTE DA FIAT DO BRASIL! QUASE TODOS OS POLÍTICOS DE BRASÍLIA, Dr. José Sarney... Não só fui pai de santo dele, como também fui pistoleiro. Ele me contratava pra matar várias autoridades.Fui pai de santo do maior comedor de defunto do país, Antônio Carlos Magalhães."
  
Peraí, peraí, peraí... Você foi pai de santo de tanta gente importante... E NEM PRA SER DA SELEÇÃO BRASILEIRA? SEU FILHO DA PUTA, SABE HÁ QUANTAS COPAS A GENTE NÃO GANHA?!
DUAS, SEU CORNO! DUAS!

“O diabo me mandou matar meu filho, eu fui lá no quarto peguei a escopeta, encostei a arma no estômago dele e dei dois tiro. A bala atravessou e saiu do outro lado da casa, quando ele caiu eu peguei o punhal e quebrei o tórax do meu filho. Essa criança não morreu, ficou quatro meses internada mas não morreu.”

É como eu sempre digo, escopeta é fichinha, da próxima use criptonita, eficiente contra descendentes de super homens.





“Essa criança se tornou uma criança rebelde, assustada, com medo do pai e com medo de tudo...”

Esquenta não. Um dia ele esquece, é coisa da adolescência, tiro de escopeta não substitui o amor de pai.




“Eu fui pai de santo da Hellmans, você sabe o que significa Hellmans? Significa Hell = Inferno, Mans = homens, significa homens do inferno!”

Ahhh, agora faz sentido falar que to comendo o pão que o diabo amassou com essa porra.

“Eu ganhei 45 milhões para matar a cantora Clara Nunes... Eu fiz sete rituais de magia negra em sete encruzilhadas e na hora que e ela estava em cirurgia o exu caveira incorporou o médico que cortou as veias dela errada! Eu ganhei 1 milhão de cruzeiros pra matar o apresentador da rede globo, Abelardo barbosa”



                                                           Alguém conhece o Hitman?


“A xuxa me procurou quando eu era pai de santo, ela na época disse que queria trabalhar na maior emissora do país, a rede Globo, na qual eu fui pai de santo do Roberto Marílio...”

Você quis dizer Roberto Marinho. – Google sobre o que o pastor disse acima.

Ele relatando sobre o acidente de carro que sofreu:

“Eu tive um traumatismo craniano encefálico, perdi 50% do meu crânio, metade do meu crânio agora é platina. Estourou minha garganta, eu não tenho cordas vocais, minhas cordas são de borracha, eu tenho quinze parafusos nessa perna aqui, toda água que eu bebo não desce pra bexiga, eu tenho uma bolsa plástica, acumula no estômago... Fiquei três anos no hospital, o médico tirou 250 gm de vidro do parabrisa da minha cabeça. Eu fiz duas cirurgias na perna, duas na garganta, uma no olho e vinte cirurgias na cabeça.. foram vinte e cinco cirurgias! Tomava 21 tipos de remédio controlado por noite!”

      Se seu médico não te falou, agora eu falo... Você tá fodido.

“No dia em que eu aceitei Jesus, minha mulher me disse ‘eu prefiro virar prostituta do que virar crente’. Hoje em dia ela é prostituta, teve filho com outro homem, mas eu perdoei, fui lá na maternidade e registrei a criança no meu nome. Hoje eu pago colégio particular pro filho dela.”

Bom. Se isso for mentira, você é um grande de um filho da puta a ponto de envolver o nome de tanta gente, se isso ocorreu (eu sei que é surreal, mas deixa eu terminar a frase)...

VOCÊ É O EXEMPLO PERFEITO DE CORNO CONFORMADO.

E pra fechar com chave de merda...

“Eu sou o robocop de Jesus.. hehe”

                                                                             ...



AAAAAAAH PRO CARALHOOOOO TIO CHICOOOO, PRO CARALHOOOOO!

Quem? Por favor, me fala quem é o infeliz que acredita nesse bando de merda?

Quem com o mínimo de discernimento e um pouco de educação acredita que uma criança consegue sobreviver com dois, um não, mas DOIS TIROS DE ESCOPETA A QUEIMA ROUPA, e um golpe ninja de faca no torax?! 

Me diga quem pode acreditar que um sujeito que mal sabe o nome do nacionalmente conhecido e falecido (sorry, não era pra rimar) Roberto Marinho, se envolveu com gente do alto escalão. 
E não para por aí não, coloquei só as coisas que mais me chamaram a atenção, ele também diz absurdos sobre a maçonaria, sobre o espiritismo e até mesmo coisas sem sentido algum somente pra atrair a atenção dos fiéis dele (eufemismo para burros). Porra, ta todo mundo encagalhado de saber que pastor, presbítero, padres de hoje em dia e todo tipo de pessoa que é líder de algum movimento ou instituição religiosa, precisa ser bom para lidar com as pessoas, aprendem técnicas que tornam realmente mais fáceis prender a atenção da pessoa no que eles dizem, isso é totalmente normal e comum. O que não é normal é a parte em que as pessoas passam a acreditar cegamente naquilo que rompe as barreiras da LÓGICA sem nem procurar saber se é verdade. 

Antes que chegue algum fanático dizendo que é perseguição contra crente e que eu não posso falar do que não entendo, deixa eu esclarecer umas coisas.

Em primeiro lugar, eu entendo mais do que vocês imaginam, a vantagem de não conseguir crer em quase nada, é que por ter tentado, você acaba passando por várias culturas e religiões, e uma delas foi cristianismo. Já fui evangélico, já fui batizado e não era apenas um frequentador assíduo, eu me empenhava para entender o que era passado. O motivo de eu não ser mais não vem ao caso embora pelo que disse acima seja mais do que óbvio, então eu tenho sim base pra afirmar que tem um limite entre uma pregação interessante de um pastor qualificado pra estar lá na frente e pessoas hipócritas cujo único objetivo é lucrar as custas de gente ingênua e sem conhecimentos.

A própria bíblia menciona e alerta sobre o aparecimento de pessoas que utilizarão o nome de Deus para se beneficiar. Mas hoje em dia a necessidade de se apegar em alguém que os guie é tão grande que as pessoas esquecem do porque elas vão à Igreja, esquecem que ao menos pelo que eu aprendi no tempo que estive lá, elas devem estar alí para adorar a Deus, e acabam depositando tanta confiança em um homem que se diz usado por Deus, que acabam ignorando todo tipo de coisa óbvia, apenas por achar que perguntar-se e duvidar dele é pecado. 

Pois não é. É um ato de auto-preservação, e garantia de segurança psico-emocional não só consigo mesmo mas para com todos que frequentam o mesmo lugar, pois vocês não tem noção do que um homem  que consegue convencer as pessoas é capaz quando está lá na frente e tem uma mente inescrupulosa. E isso é válido para todas as religiões.

Por tanto, não sou nenhum doido que odeia religião X ou Y. Para mim todas as religiões tem suas características boas e coisas que não entram de acordo com meus pensamentos. Da mesma forma que aprecio a leitura de livros espíritas, curto às vezes ouvir o R.R Soares pregando, pois ele é direto, não precisa de artimanhas para impressionar ninguém. Dizer que existem sacrifícios humanos dentro da maçonaria, profanar contra o espiritismo de forma geral e deixar claro que somente a religião pregada alí é válida e todas as outras são obras do cão, é algo que não admito e nunca vou admitir. 

Agora me digam, será que é normal eu me sentir indignado com isso tudo ou eu que de repente saí dos padrões culturais? Pergunta retórica, beeeeeeeeem retórica.

E antes que eu me esqueça a música é para nosso querido ex-bruxo de Hogwarts Tio Chico Potter, que em uma de suas "pregações" mencionou meu Estado com a boca mais suja do mundo obviamente para relatar algum caso de bruxaria e coisas do tipo. É da banda Casaca, mundialmente conhecida depois que uma de suas músicas foi parar em uma sonda em MARTE, isso mesmo. E ao contrário do Chico Bento eu tenho provas, basta jogar no Google, ficou até famosa no Jornal Hoje na época. 

Acho que chega, neh? Não preciso dizer mais muita coisa. Para quem quiser dar uma olhada só jogar lá no Youtube o nome desse infeliz, pegar a pipoca e rir até molhar as calças.

Grande abraço.

Obs: Se depois disso tudo você ainda quiser comentar coisas como "O testemunho dele é verdadeiro, você precisa de Jesus no coração", vou te convidar educadamente a tomar na sua retaguarda.

Adios.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Descensurando sobre a virada.

Oi.

Uêbaaaa! Essa é a primeira vez que eu não digo nada tão idiota e me apresento de forma normal!
E eu acabei de estragar tudo.

Enfim, depois de pouco mais de um mês depois do meu último post, aqui estou eu de volta.

 O mestre das cagadas.

 O senhor das trapalhadas.

 O guru da inutilidade.

 O Moisés que não abre nem sopa de tomate.

Ok, ok. Já deu pra perceber o nível da imbecilidade que me aflora nessa pacata manhã de domingo.
Como primeiro post de 2011, não poderia deixar de fora a pergunta que está entalaaada no fundo da minha garganta feito catarro em resfriado de inverno.
Como foi o reveillon de vocês?
Não, não. Reformulando.

COMO FOI A PORRA DA VIRADA DE ANO DE VOCÊS?

“Calma, Diego. Já chega chingando, cara? Desse jeito vai acabar perdendo seguidores.

Ta, desculpe.

Eu disse desculpe?
Desculpe é o cacete de óculos.

O motivo da minha irritação? Calma, vamos começar essa bagaça do início para que vocês entendam...

Final de ano é sempre a mesma coisa em certos aspectos para todas as pessoas. Não adianta negar, você pode morar na favela ou ser vizinho do Jô Soares, que aquela expectativa que precede a virada de ano é a mesma em todos os casos (mesmo que você comemore abrindo um shampagne ou metendo bala pra cima).

Me arrisco a dizer que reveillon é ainda mais excitante (para os outros, não para mim) que Natal. Sinceramente, não sei explicar o porque. Talvez seja porque no Natal não é muito legal os pais de família encherem o cu de cachaça e interpretarem aquele papai Noel fantasiado e totalmente manguaçado dizendo “Ho... (arrotando)... Ho!” e entregando aquela saco de presentes de 1,99 pra criançada piolhenta gritar feito a mãe da gente na 25 de março.

Eu particularmente prefiro Natal, que é quando eu sei que os parentes sempre vão me dar roupa com aquela cara de “Pobre menino, não tem nem o que vestir” só porque uso minha inseparável havaiana azul, um calção de praia e nas raras vezes em que esse lugar não arde no calor do inferno, uma camiseta pra dizer que não sou nudista.

Então voltamos ao dia 31.

“É hojeeee”   “Falta 10 horas, uhuul!” 

Esses são os famosos gritos de excitação que você costuma escutar horas antes da virada, junto com aqueles MAAAAAALDITOS fogos de artifício soltos fora de hora, que fazem meu coração parar por alguns segundos.

Sério, meu batimento cardíaco já é acelerado, e aí pra completar a cagada sempre tem um viado de um turista que em um horário totalmente nada haver, solta aquele fogo de artifício pobre, que demora a estourar e quando sai parece uma ereção de bêbado. Desordenado, sem ritmo nenhum e acaba na metade do processo.

Depois disso tem aquilo que não pode faltar, a peça chave para qualquer cagalhada que possa vir a ocorrer no reveillon de qualquer ser humano: A reunião da família.

Se você tem uma família grande feito a minha, com uma pancada de primos, tios, tias e por aí vai, sabe do que eu estou falando. É bebedeira na certa.

Aqui começou por volta das oito da noite.

Subi pra cobertura do prédio, e lá estava meu pai e seu irmão no melhor estilo Erasmo e Roberto Carlos, cantando no karaokê músicas que fazem Alceu Valença parecer brotinho.

Já vi de longe que o nível do álcool estava evoluindo mais rápido que Pokémon e aproveitei a deixa para roubar o maior número possível de mantimentos do churrasco e me refugiar novamente no meu quarto me entupindo de carne, vendo seriado e aguardando um dos meus primos baterem na porta me chamando de vampiro ante social.

Uma breve pausa. Entenda o meu lado, eu tenho 19 anos nas costas. Em breve farei o vestibular (eu sei que já era pra eu ter feito, não precisam me lembrar), se por milagre eu passar, vou dar adeus a praticamente tudo que eu faço por diversão por pelo menos uns 8 anos. Acham mesmo que eu quero gastar meu precioso tempo saindo na rua sem rumo só pra dizer que sou playboy e to caçando mulher? Não, obrigado.

Então voltamos ao quarto. Lá estou eu, rindo como um antílope emaconhado sob efeito da gordura, organizando meus CD’s, livros, coisas nerds e tudo mais até olhar no relógio e ver que o purgatório havia chegado ao fim... Agora era hora do Rush.

Vendo o ponteiro quase chegar ao doze e ouvindo os gritos desesperados do ano de 2010 dizendo para não deixá-lo para trás, subi correndo as escadas e aguardei.

Chuva de fogos de artifício.

Não, não aquela chuvinha pobre fora de hora que faz meu coração disparar não. Uma puta de uma chuva de fogos no melhor estilo Copacabana havia começado e eu percebi o porquê o ser humano valoriza tanto esse tipo de coisa.

O sujeito passa o ano todo trabalhando feito um louco, não tira férias, se tiver filho tem que se preocupar com a pirralhada mais do que com ele próprio. Percebi que não é o ano novo que deixa as pessoas sensibilizadas, é a idéia de apreciar algo que elas sabem que não vão ter durante todo o resto do ano que virá daqui alguns segundos. Todas as risadas, os fogos que realmente são um belo espetáculo (embora se pudesse eu matava a pessoa que inventou essa barulheira) e toda aquela falsa sensação de que tudo vai dar certo nesse ano.

O reveillon não atrai as pessoas porque elas vêem nele a esperança.

Ele as atrai por que elas querem ver isso nele.

Ele as proporciona uma ilusão que nem um miserável como eu é capaz de tirar, porque até mesmo eu paro por 10 míseros segundos olhando o céu e desejando que 2011 realmente aconteça algo grande pra mim, algo realmente significante. Eu sei que segundos depois eu vou rir porque por mais que eu me esforce não consigo pensar dessa maneira, por mais que me esforce sei que não acredito em nada disso e que aquilo é apenas um estado de êxtase coletivo pela necessidade de ter algo em que se apegar, para não enlouquecer de vez.

E aí eu percebo que sinto uma puta inveja do povo todo reunido.

Não é essa baboseira de me sentir deslocado ou coisas do tipo não, até porque não me importo em fazer ou não parte de nenhum grupo. É por perceber que isso os faz realmente feliz, mesmo sendo algo não tão duradouro como deveria, pelo menos ELES atravessam a virada de ano de forma contente e crédula, enquanto eu... Bom, vocês me conhecem, só me resta abraçar minha madrinha que esquece de fazer isso por cinco minutos após a virada e cai na gargalhada pela falta de memória. Todo mundo se abraça, dão tapinhas nas costas e prometem uns aos outros que tudo vai ser fodástico nesse ano.

Aí vem meu pai e eu controlo o riso. Ele me abraça forte e manda aquele papo “Esse ano vai ser muito melhor”. Eu retribuo o afeto, dou uma risada sem graça pelo abraço

Por mais que 2011 esteja sujeito a ser uma bosta como 2010 foi, por mais que eu saiba que as coisas não mudam porque nós queremos que elas mudem, eu tento não ser o Diego inflexível e desço as escadas contente pelos sorrisos falsos que dei e por ter parecido menos chato do que sou.

Quando penso que estou de volta ao meu querido quarto sou intimado a sair com meu primo na rua para aproveitar a virada.

Hum.

Difícil decisão.

De um lado tenho minha cama, minhas músicas, meus filmes, minhas leituras da madrugada (vocês estão loucos para completar minha frase com coisas do tipo “meus pornôs” não é mesmo? Bando de sacanas) e do outro tenho meu primo precisando de companhia pois acabou de romper um noivado, e não tem ninguém para sair com ele.

É mais do que óbvio que eu esteja pouco me fodendo para isso.

Bom, pelo menos até acrescentarmos o fato de que eu beberia de graça.

É. Se tiver uma coisa que move as pessoas no mundo inteiro, é cerveja. E cerveja de graça, move até montanhas.

Quando me dei conta, já estávamos andando em meio à multidão repleta das mais diversas pessoas. Anfitriões, turistas, gente que eu nem sei se era gente, carros de som, ritmos diferentes lado a lado e uma baita, mas uma baita vontade de sumir dalí. Eu sou o tipo de pessoa que só sai quando sabe que algo certamente ocorrerá. Se é para sair em busca de diversão com o sexo oposto, tem que ser algo garantido, algo marcado por telefone. Odeio essa coisa de sair sem rumo pedindo pra beijar na boca das pessoas como se tudo fosse fácil e eu fosse o Rodrigo Santoro. 

As coisas não funcionam assim, se seu primo, irmão, filho ou amigo diz que é fácil, não acredite. 

Porque? Porque nós homens mentimos. 

Nunca vamos admitir o quanto é sacal ter quer ficar insistindo para uma garota dar bola pra gente, e eu não tenho a mínima paciência pra isso.

Dessa forma, já podem imaginar a cena. Meu primo se embebedando de vodka de um lado, e eu virando latinhas e mais latinhas goela abaixo, apenas torcendo para que o álcool agisse no meu sistema nervoso da forma que eu precisava... Acelerando o tempo para eu voltar logo pra casa.

Após muito andar, encontramos nossa prima vagando sem rumo, até termos a péssima idéia de acompanhá-la (ou deixá-la nos acompanhar).

Pronto, merda feita.

Os dois inventaram de ir pra perto da roda de FUNK. Sim, Funk, aquele ritmo que transforma as pessoas em um grupo de símios enlouquecidos, faz os homens com menos de 45 kg tiraram a camisa achando que irão agradar, fazem as crianças provarem que não tem futuro, e as mulheres rebolarem como se estivessem uma infestação de oxiúros de quarto grau.
Não consegue me imaginar em um local desse? Então vamos tornar isso mais fácil.

Imagine uma selva repleta de animais.

Agora imagine ali perto daquela árvore um grupo de chimpanzés pulando alopradamente.

Agora jogue no meio dessa festa de primatas um LÊMURE.

Espera! Mas o lêmure é uma espécie diferente. Logo ele começa a saltas seus olhos esbugalhados enquanto os chimpanzés parecem entrar em uma espécie de transe sonoro, roçando uns nos outros e o lêmure começa a se sentir estranho. Começa a se arrepender de ter sido jogado ali na história, enquanto podia estar em sua árvore, descansando, refletindo sobre a bosta que foi o ano na floresta. O lêmure começa a se mover na direção oposta dos chimpanzés até ser pego de surpresa...

Sim, na dúvida, o lêmure sou eu. E a minha surpresa foi sentir as nádegas sendo apertadas por aquelas famosas garotas do funk. Essas mesmo, que falam chicrete cororido, bicicreta, e tem o perfume mais fudunzento da rua.

Fiquei pálido. Confesso que minha vontade foi sair correndo daquele buraco negro que eu havia sido sugado, mas mantive a calma, dei aquela risada amarela, e virei o rosto fingindo que havia sido um acidente o fato das mãos dela terem vindo parar na minha bunda. Isso para essas garotas só quer dizer uma coisa: “O bofe é tímido”

Quando na verdade quer dizer “SAIA DAQUI DEMÔNIO!”

A cria do belzebu resolveu ser mais ousada e dançar na minha frente, achando que aquela rebolada a ponto de deslocar a bacia, me deixaria excitado. Confesso que com aqueles movimentos um homem pode ser levado à loucura, mas só se a mulher não tiver umas manchas redondas nas costas que te fazem pensar que ela foi usada de cinzeiro por algum chefe do tráfico.

Depois de muito ignorar a personificação do mal, ela resolveu se mandar e rebolar pra uma meia dúzia de manguaceiros do outro lado da rua.

Meu primo a essa hora já estava dançando até frevo se deixasse. Então pensei “A hora de vazar é essa, ninguém vai me notar.”

Quando olho pro lado, constato o quanto filha da puta uma noite pode ser para um homem solteiro.

Minha prima.

A MINHA PRIMA... Estava atracada com um cara no maior amasso.

Fingi não perceber e fiquei na minha, só esperando aquela pouca vergonha acabar. Meu primo para não ficar ali segurando o castiçal foi mijar lá no mar e me deixou sozinho, observando o movimento uniforme de línguas entre minha prima e o sujeito gorduxinho que havia conseguido dar idéia nela.

Beleza. Até aí tudo bem.

Não sei se falei pra vocês, mas da mesma forma que eu sou um verdadeiro imã pra atrair merdas, eu também tenho uma espécie de sentido aranha que detecta merdas vindo à milhas de distância. Se quiserem podem até chamar de sentido encagalhado, ou qualquer coisa do tipo.

No melhor estilo homem aranha brasileiro, me desloquei daquele ambiente e fui pra perto de um quiosque, ainda de olho na minha prima.

Foi quando eu vi.
O incrível fenômeno que tantos falam, mas poucos podem observar a olho nu...

A BRIGA DE BAILE FUNK. Só que na rua.

Aquela onda maciça de pessoas amontoadas uma nas outras, distribuindo socos e golpes no melhor estilo Liu Kang, me fez sentir os nervos incharem e uma vontade louca de gritar “MORTAL KOMBAAAAAAAAAAAAT!!!” se apossou da minha alma.

Antes que eu pudesse incorporar algum personagem, foi que minha ficha caiu e eu percebi.
“Puta- que -o -pariu. Cadê-a-minha-prima?!”

A garota foi arrastada junto com o infeliz que ela estava, por uma enxurrada de gente gritando “Vai se foder cumpadi!”, “Vai bater de frente, neguim?!” e outros dialetos que ainda estou estudando para decifrar.

Após voltar pra casa com uma prima de supercílio machucado, um primo bêbado que nesse estado chama até urubu de meu louro, e uma puta vontade de exterminar metade dos carros som da cidade, notei uma coisa curiosa.

Porque as pessoas só agem de forma extrema, ou esperançosa em alguns casos, em épocas assim? Quer dizer, eu sei que uma severa mudança de calendário ainda sim é uma mudança concreta, mas só no calendário, entende? Ou você perdeu peso um dia depois do ano novo? Você que é careca sentiu tufos de cabelo nascendo até as orelhas a partir do dia primeiro? Você que passa o ano todo reclamando de dinheiro recebeu uma gorda quantia na sua conta quando levantou da cama no dia primeiro? Não.

Ninguém sentiu mudança alguma. Você não sentiu. Eu não senti.

Ninguém sentiu.

Depois de deixar minha prima no apartamento ao lado e acomodar meu primo no meu quarto já que o desgraçado esqueceu de levar a chave da casa dele e ficou do lado de fora, fiquei um tempo pensando em como as coisas ocorreram.
Não restritamente em relação a essa noite escrota, mas ao reveillon em si. Fico meio que viajando nos pensamentos, imaginando quando isso passou a ter algum significado para as pessoas.  Natal a gente sabe que tem todo o costume bíblico e tudo mais, que embora eu não dê a mínima ainda comemoro por simples comodidade. Mas e a virada do ano? E esse sentimento de que tudo vai ser diferente que se apossa das pessoas ao verem o ponteiro alcançar o pólo do relógio e aquela gritaria maluca junto aos rostos vermelhos sob efeito do vinho? Quando começou isso? Porque começou?

Acho que no fim das contas não dá pra ter todas as respostas, mas é engraçado olhar pro meu primo todo adormecido pelo álcool sendo que há poucos dias estava para casar. É engraçado ver meu pai, um homem tão sério na rua, se libertar com a música, a cerveja e a idéia de que palavras bonitas vão animar seu filho caçula ou motivá-lo a sabe-se lá o quê.

Acho que as coisas não mudam mesmo. Não porque queremos.

Mas as pessoas mudam nessa data. Não pelo resto do ano ou pelo resto da vida.

Mas ali, naquela ocasião seja pela excitação coletiva de estarem todos reunidos, ou por simples vontade, elas mudam.

Elas precisam mudar. Afinal, que significado teria tudo isso?

Eu realmente não espero horrores de diversão e muitos logros para esse ano. Na verdade estou me preparando para fortes baques que possam vir no que diz respeito ao meu futuro, provas importantes de faculdades e coisas do tipo. Mas acho que por uma noite, por um simples reveillon por mais fodido que tenha sido, consegui ao menos por algumas horas entender como é realmente se sentir bem com a idéia de melhorias futuras.

Ainda que seja uma simples ilusão.

Fico feliz por pelo menos entendê-la.


Obs: Aos que colocam coisas como "Adorei seu blog *.*" e depois escrevem uma porra de um texto imenso fazendo propaganda do próprio blog, nem precisam se dar ao trabalho de comentar aqui, a não ser que queiram uma resposta malcriada abaixo do seu comentário. Aos demais seguidores, sabem que seus comentários são sempre bem-vindos, isso é apenas para os chupa-cabras de plantão.

Abraços

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Um objetivo

Bom.

Sei nem por onde começar, após tantos dias afastado daqui. Acho que o melhor é iniciar com um pedido de desculpas. Aliás, dois pedidos.

O primeiro é por eu ter apagado o último post que eu havia feito, mesmo contendo comentários (por tanto realmente peço desculpas a quem gastou seu tempo comentando em um post que posteriormente seria retirado).

O segundo pedido é simplesmente por tê-lo escrito.

Sim.

Eu não tenho o direito de transformar um blog que tem uma temática fixa (ainda que confusa) em um diário ambulante retratando meus problemas. Eu sei que não é para isso que vocês visitam esse singelo espaço. Vocês vêem aqui para rir, para se revoltar, para apoiar as besteiras que eu escrevo (convencido, sim, eu sei!) ou para discordar. E só.

Para os que tem a curiosidade de saber o porque do meu sumiço repentino, vou ser breve.
Eu sou o tipo de pessoa que passa séculos sem ter problemas aparentes, brinco, sorrio, gargalho, pago micos, faço besteiras e tudo que qualquer pessoa normal faz. O problema é que quando noto a existência dos reais problemas, ainda que raramente isso aconteça, é como um efeito dominó. Vem tudo de uma vez. TUDO MESMO.

É uma puta sensação horrível que nenhum ser humano deveria sentir. Pode durar horas, pode durar dias, não tem tempo certo para durar ou chegar. Todos aqueles problemas que eu costumo ignorar e fingir que não existem, vem igual a uma bola de neve e aí eu vejo que não tem pra onde correr. É quando eu perco a inspiração pra escrever, fico um pouco estressado, minha cabeça fica a mil por hora e as preocupações surgem. Pelo amor do que vocês mais acreditam, não me venham com piadinha de EMO não, se não eu respondo nos comentários, heim! Passo longe do perfil de sujeito melancólico, às vezes eu até preferiria que isso fosse melancolia, mas é algo mais complexo, não sei explicar, nunca disse que eu era normal, pra começo de conversa. Então não se espantem.

Agora que já ta explicado, vamos ao Post, certo?

Hoje eu quero falar sobre OBJETIVOS.

Sim, essas coisas que parecem contradizer o sentido da palavra destino e nos torna mais donos de nós mesmos do que o acaso. (Santa marijuana, Batman! Filosofou agora, heim)

Eu fico reparando nas pessoas hoje em dia, elas são mais cheias de planos do que as pessoas do passado. Estão sempre dizendo coisas como “Após eu me formar...” antes mesmo de entrar na faculdade. Dizem coisas como “Quando eu tiver meus filhos irei ensiná-los a...” Sem nem saber se são realmente férteis ou se viverão amanhã e por aí vai. Não, não estou criticando-as, pelo contrário. Eu mesmo sou o tipo de sujeito que já planejou bastante quando estava no segundo grau. A cada mês tinha algo novo em mente, e ria desde então, por saber que no fundo era puro fogo de palha. A questão começa a ficar séria depois que você termina os estudos e percebe que a falta de um objetivo concreto na sua vida, pode transformar você em mais uma dessas pessoas que acham que ficar “a Deus dará” vai resolver todos os seus problemas. O que me emputece ainda mais, é ver matérias oficiais como:

 “É comprovado cientificamente que quem vive olhando para o futuro ou para o passado, se torna infeliz”.

PORRA. Querem que eu faça o quê então? Saia por aí sem rumo, fazendo pulseiras de madeira em rodoviária e mostrando dedinho de paz e amor pra todo mundo que passa, com o sovaco melado de suor e aquele fudum infernal que espanta até defunto?

Sinceramente, com o perdão (ou não) da palavra... Eu estou é pouco me fodendo para a ciência e seus conselhos, bem como seus avanços magníficos que definem se marte tem vida, água, pudim, pôneis, batmans, ou o caralho a quatro...

Certas coisas variam de pessoa em pessoa, e planejar o futuro é algo que deve ser feito de forma sensata, mas visionária, entendem? Você não pode planejar algo que vai definir provavelmente o resto da sua carreira, vida amorosa, saúde ou outra coisa de mesmo nível, sem ter realmente um bom motivo para fazer isso.  Mas também não deve permanecer em uma vida na qual você não tem o menor prazer em desfrutar, apenas pela comodidade ou o medo de arriscar. Eu vejo às vezes as pessoas aqui da minha cidade e percebo que muitas delas tem um potencial enorme, mas 90% irão apodrecer pelo resto da vida nesse lugar pela simples falta de ânimo, ou por aquele medo de mudar algo na vida deles que está correndo bem.

Percebem? Correndo... BEM!

Eu não gosto quando as coisas correm BEM! Eu quero que elas corram ÓTIMAS, porque eu melhor do que ninguém sei que o “bem” dura pouco, e de boas sensações temporárias creio que eu e metade dos brasileiros que vivem nesse inferno diário, já estão de saco cheio.

Eu mesmo tenho um objetivo recentemente traçado a partir de idéias que carrego desde pequeno, frustrações por viver em um país no qual eu não me identifico em quase nenhum aspecto e desejos de não apenas conhecer, mas vivenciar algo novo e diferente.  


...TAMBÉM me motivam a realizá-lo.

Curiosos? HÁ! Eu sei que estão. Não é nada de grandioso se comparado ao que muitos de vocês devem planejar, eu sei. Mas é algo que para o Diego Dias, vai significar mais do que qualquer breve mudança.

Uma premissa:




Sim, é algo no qual levará tempo para conseguir, ainda mais levando em conta o fato de que eu não pretendo ir com uma mão na frente e outra na bunda, e pretendo ter uma graduação no currículo, mesmo sabendo que provavelmente não me ajude muito quando chegar lá. Mas em 2012 é quase certo que eu vá apenas para visitar e ter uma visão mais sólida de como é o local, e se realmente vale a pena me esforçar pelos próximos três ou quatro anos. Para quem acha que eu sou o tipo de pessoa empolgada, acertou. Mas não sou o tipo que leva a empolgação acima da sanidade. Para falar a verdade, sou até chato, de tantos cálculos, estatísticas e levantamentos que faço por mês baseado em algo assim. Contas de impostos, probabilidades salariais (realmente baixas, para ver como sou pessimista), custos de vida, e tudo que eu posso pesquisar e me aprofundar eu procuro saber antes de transformar um objetivo em realidade.

Bom, basicamente é isso. Milagrosamente não foi um post tão grande como os anteriores, mas também foi algo totalmente aleatório, como puderam perceber. Apenas tive a vontade de compartilhar mais uma vez o que penso a respeito de algo com vocês, e obviamente eu precisava de um motivo para voltar a atualizar isso aqui e rever as postagens dos meus 50 (ainda são 50, neh?!) seguidores que devem ter achado que eu morri ou fui passar as férias na Vila Cruzeiro.

Não posso garantir que não sumirei por mais um mês, mas posso afirmar que farei o possível para não deixar isso aqui às moscas. Apenas odeio o fato de não estar com ânimo o suficiente para fazer vocês darem boas risadas, e estar postando qualquer merda.

Grande abraço, meu povo!

sábado, 16 de outubro de 2010

Um post fora do padrão.

1º Lembrete: Música de hoje na voz da colossal Marisa Monte (se eu não estiver enganado) com a música "Beija eu".
2º Lembrete: O post hoje ta ruim pra cacete, já vou avisando.
3º Lembrete: Sei que furei com os contos que prometi postar semana passada, mas resolvi da uma reformulada neles e escrever logo uns três capítulos para ambos, então pode sair a qualquer hora. 
4ª Lembrete: Alguém por acaso lê esses contos? Porra nenhuma, neh? 


Já estava com saudades de postar aqui.

Bati o record de tempo sem mexer no blog porque fiquei pra lá e pra cá essa semana tentando resolver um maldito problema na minha placa de vídeo nova. Sabe como pobre é foda, neh? Dinheiro perdido a toa é como um rim perdido. Vamos até o inferno pra cobrar o prejuízo.

Hoje finalmente sentei aqui para escrever.

Escrever sobre algo que tem me incomodado constantemente nos últimos dias.

Eu não gosto de falar necessariamente sobre mim, me sinto estranho e exibicionista quando fala algo do tipo “Estou sentindo...”. Por isso costumo apenas me usar como exemplo quando descrevo sobre certas situações, por ser obviamente um poço de esquisitices. Mas acho que necessariamente hoje, é algo que se passa restritamente comigo. Mas espero escrever de forma que não deixe meu blog como um diário virtual, pois acho isso para homem, uma viadagem sem tamanho.

Bom, sem mais rodeios, não sou o tipo de pessoa que se apega a idéia de sempre precisar ter alguém ao lado, ou um ombro amigo pra dizer o quanto sou bom em algo ou me aconselhar em momentos difíceis. Sou mais o tipo de pessoa solitária (não Emo, por favor) que gosta de ser assim. Que gosta de resolver as coisas por si só, que gosta de fazer algo bem feito sem ajuda e que não dá a mínima em sair sozinho ou passar noites em claro sem alguém ao lado na cama. Mas parece que às vezes, isso desmorona sem mais nem menos.

E é isso que me irrita pra caralho.

Eu odeio me sentir estranho ao ver um casal todo feliz e sorridente se agarrando em plena praça.
Não. Não é inveja. É algo próximo disso, mas com um tom diferente, parecido com saudade.
Sim, saudade dos tempos em que não era tão complicado.

Saudade de quando éramos crianças e não nos importávamos com nada que fosse tão sério quanto qualquer coleguismo. Saudade da época em que o sinal do recreio era mais importante do que um encontro às cegas. Saudade do tempo em que um suborno alimentício (eu era esganado e gordinho sim, e daí?!) da minha mãe, cobria qualquer suposta mágoa de criança. E uma saudade imensa dessa época em que eu qualquer diversão era suficiente para cobrir qualquer pensamento negativo.

Então voltamos para os tempos atuais. Onde pessoas sem o mínimo de inteligência na cabeça e com idéias deturpadas e formadas única e exclusivamente pela influência da TV sempre tem um par semi-perfeito e agem como se nada mais importasse?

Mas que porra é essa? Pessoas como eu que pensam (pelo menos eu tento), agem e dizem, tem uma dificuldade desgraçada pra se relacionar.

Como?

Simples.

Nós não conseguimos nos contentar com aquilo que realmente não faz parte da gente. Você encontra uma pessoa por intermédio de amigos, ou por acaso, apenas por pura atração física. Rola um papo legal. A coisa sobe de nível e a intimidade se aprofunda. E quando você se dá conta, já fugiu dali mais rápido que pulga em banho de cachorro. E é um looping sem fim isso tudo. Como se fosse cada vez mais difícil achar alguém que não só se afeiçoe a ti pelo que você é, mas que também seja da forma que você queira, ou melhor, da forma que você precisa.

Essa história de que os opostos se atraem é pura lorota. Pelo menos eu acredito assim, mentes diferentes pensam diferentes, agem diferentes e terão reações beeeeem diferentes na primeira merda que acontecer entre as duas.

Às vezes as pessoas relacionam a solidão de alguém com falta de capacidade ou exigência excessiva. Posso afirmar que não é nenhuma dessas duas causas. Pessoas como nós (caso alguém como eu esteja lendo essa bagaça) não são exigentes, são exatas. Sabemos o que queremos, e não temos esse lenga lenga de “qualquer coisa serve” e muito menos essa indecisão ridícula que a juventude atual tem, com todo esse papinho de “Você é a pessoa certa, mas no tempo errado”. E somos capazes de qualquer coisa independente de beleza, pois temos cérebro e acho que isso ainda funciona nesse século. Sou a prova viva disso, não me acho nada bonito e passo longe do exemplo perfeito de garoto saradão, mas me pergunto às vezes como diabos todas as namoradas que já tive foram bonitas. E olha que nem sou rico, heim. Pois é, amigo, lábia é um mérito que não trocamos por nada.

E então voltamos à velha questão

Porque diabos é tão complicado uma coisa que era pra ser tão simples?

Era só chegar, falar, levar no papo, fechar os olhos e pimba!

Já era.

Mas nãããão, tem sempre aquele diabinho no ombro esquerdo e o... diabo no ombro direito, ambos de mãos dadas e te mostrando que aquilo não terá futuro e o quanto antes você cair fora, melhor.

Não sou nenhuma alma perturbada e depressiva para ficar alienado pensando nisso o dia todo, é apenas uma coisa incômoda que surge volta e meia e nos faz perguntar se seria mais fácil não ter tanta opinião formada ou não ter amadurecido tão cedo quanto devia. É legal ser solteiro, na verdade posso dizer que é ótimo poder me divertir sem satisfações, sem telefonemas bravos ou poder beijar quem quiser sem compromisso. Mas sinceramente, tenho medo que tanta satisfação uma hora vire um vazio besta e sem sentido, e vocês me conhecem...

Eu odeio falta de sentido.

Perdão pelo post fraco e mais inútil do nunca.

Na próxima eu os compensarei com bastante palavrões e rabugices como de costume.

Grande abraço!

sábado, 2 de outubro de 2010

Um dia na praia.

1º Lembrete: O post não é grande como parece, mas como tem muito diálogo são necessários muitos parágrafos.


2º Lembrete: Estou devendo há muito tempo os segundos capítulos dos dois contos. Pois bem, eles virão no meio da semana!


3º Lembrete: Música passada do blog era "Chupee" (nome estranho mas música boa) e quem cantava era Cocoon. 


4º Lembrete: Música da vez: Can't Stand It e quem canta é Nevershoutnever (para visitantes novos, sempre lembrando que caso não goste, só pausar).


Bom, a idéia para esse post partiu a princípio, de um medo.

Sim, medo.

Medo de não ter absolutamente nenhuma idéia para postagem!

Tudo começou quando eu em uma bela quinta feira percebi que já iria fazer uma semana desde meu último post e eu geralmente posto duas vezes na semana. Passei algumas horas me divertindo no computador (lê-se alimentando vícios como jogos, filmes, downloads piratas e derivados) quando o medo começou a se apossar de mim. No começo era apenas uma sensação esquisita de falta de criatividade, mas após terminar minha diversão, sentar na sala e assistir a two and a half man (ok, podem enfatizar que eu sou sedentário e desocupado, obrigado) percebi que era mais do que isso.

Percebi que meu dom para escrever sobre as idiotices humanas estavam acabando!

Pela primeira vez eu estava sentindo na pele o que o super homem sentiu ao ser exposto a uma alta dose de criptonita verde.  Senti na pele o que Sansão sentiu ao ter sua cabeçorra raspada e o que o homem aranha sentiu ao ter seus poderes esgotados por um longo período dos quadrinhos.  O problema é que havia duas diferenças entre eu e esses três:

1º Eu não sou, nem serei ainda que em mil anos um herói.
2º Eu não sei o motivo de tal perca de poderes.

E isso estava me deixando louco. Dia após dia eu via meus seguidores e aqueles que eu sigo postando algo de novo, recheado de comentários e idéias legais em seus textos enquanto meu cérebro mesmo espremido como uma laranja não estava valendo nem o bagaço. Eu tentava escrever sobre assuntos sérios, e nada. Tentava escrever sobre coisas engraçadas, e nada. Tentava escrever sobre eu mesmo, E NADA.

“ONDE ESTÁ VOCÊ? MALDITA... VOLTE PARA MIM!” – eu gritava em pensamento para minha inspiração que havia me abandonado como um marido que diz “vou comprar cigarros” e nunca mais volta. Me senti a mercê do fracasso e estive prestes a deletar o blog em um ato impulsivo.

Mas, como nada nesse mundo acontece por acaso e o destino brinca com a gente como um adolescente depravado, estava prestes a vivenciar algo inédito naquele dia. Falei para mim mesmo:

“Irei à praia.”

Sim. Eu, a criatura pálida da noite estava prestes a se expor ao sol e caminhar pelas areias atrás da inspiração. Foi minha última cartada, era tudo ou nada. Matar ou morrer. Nadar ou correr de volta para casa e confessar que eu havia perdido minhas habilidades críticas. Eu precisava arriscar.

E assim fiz.

Levantei a bunda do sofá, vesti um calção vermelho que em conjunto com uma camisa regata da mesma cor me faria parecer o Chapolin colorado. Mas por consideração aos olhos alheios, vesti uma regata branca que por sinal, caso a pessoa me visse de longe poderia achar que eu estava sem camisa. Coloquei meus óculos escuros no melhor estilo “Eu sou sexy”, me olhei no espelho, estufei o peito e disse em alto e bom tom:

 “Mas que porra é essa?”

Eu dificilmente passaria despercebido daquele jeito. Cordão de madeira, pulseiras jamaicanas, óculos escuros, cabelo arrepiado (como podem ver na foto do perfil) e brinco na orelha esquerda, isso sem mencionar o calção de banho vermelho. Mas ok. Olhei mais uma vez e agora tentei dizer a mim mesmo:

“Vamo lá, garoto. Você irá arranjar algo lá. É pelo bem da ciência.” – sei que não tem nada haver, mas é que eu sempre quis dizer isso.

E assim eu saí.

Ao chegar à praia que fica a poucos metros do prédio em que eu moro, eu notei uma vibe sinistra passar pelo meu corpo, como se fosse um aviso. Como se os deuses da mitologia grega estivessem me alertando. Pude ver Zeus dizendo aos risos “Rapaz, o bagulho aqui ta sinistro, entra nessa porra não. Riariariariaria”

Ignorei meus instintos e segui em frente. Ao tocar os pés na areia e retirar o chinelo para andar um pouco até a água, já fui logo surpreendido pelo primeiro sinal que comprovaria a teoria de Murphy, aprimorada por Diego Dias, que diz “Se algo pode dar errado... volte para casa!”

“MANHÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ, POSSO ANDAR DE CAIAQUE?”

Foram as palavras que ouvi como um tiro de fuzil passando rente a minha orelha. Fiquei na dúvida por um momento se eu tinha uma espécie de super audição ou algo parecido, porque a porra do som vinha de um molequinho menor que um macaco e tão escandaloso quanto um, que ainda por cima estava há uns quinze metros de distância.

Bati o olho no pentelho e já pensei “Essa porrinha ainda vai dar problema.”

Mas não podia me distrair facilmente, eu estava lá por um objetivo, precisava encontrar minha inspiração, e estava pronto para surrá-la assim que a encontrasse.

Andei por alguns minutos na areia e pude contemplar os corpos mais sensuais que já havia visto na vida, e uma frase não parava de passar pela minha cabeça – PRAIA É UM PARAÍSO – e ela se repetiu por uns cinco minutos enquanto meus olhos pulavam feito uma pulga epilética de mulher em mulher e eu aproveitava meus óculos escuros que ocultavam meu olhar 43...44, 45, 46, a essa hora já havia perdido a conta. Mas, como nada é perfeito, nem mesmo esses momentos de frenesi tropical, senti que algo me observava bem de perto. A sensação de estar sendo vigiado aumentou drasticamente e foi comprovada quando olhei para o lado esquerdo e o vi.

O maior cachorro vira-lata que eu já vi em toda minha vida. 

“Você vai me morder?” – perguntei para o cão, em pensamento.



“Se você se mexer, respirar, piscar ou continuar olhando pra mim, provavelmente.” – entendi logo sua resposta ao ouvir aquele rosnado que faz nossa bunda ficar apertada de tanto medo.  

Antes que eu pudesse ter minha canela feita de brinquedo, um assobio desses que a gente só vê em filme, de tão alto e perfeito, cortou o ar. Era o dono do quiosque que supostamente tratava do pulguento. O cachorro partiu em uma velocidade tão grande em direção ao quiosque que eu pensei ter sido apenas uma ilusão para o safado. Aliviado e com o calção quase mijado de medo, continuei meu caminho e resolvi parar em um outro quiosque, para tomar algo.

“Quanto é a latinha?” – perguntei com um sorriso inocente.

 “Treis real.” – ouvi sentindo a revolta começando a tomar conta da situação.



“Três reais, moça?” – perguntei com a esperança de que a mulher não soubesse fazer contas e tivesse errado os preços.




“Vai querer não?” – recebi uma resposta que pode ser traduzida como “Se não for pegar essa porra, SOME!”.

Só de birra, peguei a carteira magrinha e amassada como uma uva passa, e tirei uma nota de cinco. Esperei ela pegar a latinha e me entregar, e obviamente meu troco.
Ela volta e me entrega ambas as coisas.

“Moça, acho que você confundiu.” – dei aquele sorrisinho todo sem graça mostrando o troco que ela havia me entregado.

“Confundi o quê? Mininu.” – ela me respondeu de uma forma malcriada.

Cara, é sério.

Não tem coisa que me deixa mais puto da vida do que me chamar de “mininu”, como se eu fosse qualquer moleque de rua.

“SUA FILHA DA PUTA, VOCÊ CONFUNDIU MEU TROCO.” – pensei enquanto meu olhar fixava naquela mulher parada na minha frente. Acho que perdi um pouco a noção do tempo. Devo ter ficado uns dez segundos olhando pra ela sem reação até que me dei conta e voltei a falar, dessa vez com seriedade.

“Você me deu R$ 1,50. Te dei cinco reais, e a latinha custa três. Então...?” – fiquei esperando ela fazer a conta.

Esperei mais um pouco.

Continuei esperando.

“ACORDA, CARALHO! SÃO DOIS REAIS DE TROCO!” – continuei pensando enquanto sentia minha pálpebra direita tremer de nervoso.

“Ai, desculpa viu, moço? To com a cabeça na lua hoje.” – ela responde roubando meu sorriso sem graça de antes, para ela.



Aaaaaaah, agora eu sou moço, neh? Agora deixei de ser o “mininu”. Quem ta sem graça agora, heim? Heim, energúmena?

Esperei ela me pagar e agradeci a “hospitalidade” de um jeitinho bem falso. Afinal, brigar para quê? São apenas cinqüenta centavos, não tinha importância. O importante era continuar a caçada em busca da inspiração.

Após beber toda a latinha, caminhei até a água, esperava olhar para o mar e encontrar lá minha inspiração, nadando como uma sereia. Ao colocar os pés na água, minha ficha caiu e me lembrei de uma coisa:

Eu odeio mar.
Motivos?  Sim, três:

Eu não nado bem, tenho trauma de infância e a única coisa que sei é me salvar, fora isso. Sou horrível em natação, pareço uma enguia com diarréia quando tento nadar direito. É horrível a cena.

Tenho agonia da água do mar. Na verdade evito tomar banho em todo local onde pessoas que eu não conheça também tomem. Neorótico? Não, apenas precavido. Pensa comigo, na piscina de um clube você tem contato com a água que não é trocada durante dias e está totalmente exposto a uma micose ou qualquer infecção de alguém que possa ser passada pela água, fora o mijo que sempre, eu digo SEMPRE é feito por algum porco que tem preguiça de ir ao banheiro. Agora imagina a água da praia onde tem gente que até cagar, caga? Pois é, Só mergulho em mar que a água é transparente, é como a água daqui é quase marrom, não me arrisco.

TEM ALGUMA COISA DE ERRADO COM O MAR DAQUI. Sério, a água tem uma espécie de espuma quando vem pra superfície, e não me refiro aquela espuminha comum que da por conta do atrito não. Me refiro a uma espuma amarela. Juro que se alguém aparecer aqui qualquer dia com três braços por causa de alguma mutação, culparei o mar.

Lembrando desses bons motivos, tive um duelo verbo-mental com o mar, no melhor estilo faroeste:

“Você é sujo.” – falei.

“Você é medroso.” – ouvi dele.

“As pessoas cagam em você.” – respondi com raiva.

“Você as inveja.” – ele respondeu.

Não brinque comigo, onde ela está?”

“Ela quem?”

“Você sabe”

“Sei?”

“Fale logo”

“Espera”

“Espera o que?”

“Qual de nós agora é o mar?!”

AH! Aquilo já havia me confundido, e para dar um fim a discução, fiz o inevitável. Joguei as roupas em um local visível e mergulhei como uma orca a procura de alguma foca para devorar.
Mas meu desempenho deprimente no raso me fez parecer uma criança desajeitada e exageradamente crescida. Para compensar minha desgraça, ainda tive o desprazer de escutar alguns garotos mais novos coxixando ao passarem por mim na água.

“Porra, marmanjo ficando no raso, deve saber nadar, não.”

“Poder creeeer.”

“PORRA, SEUS VIADINHOS! Sei fazer coisas que vocês ainda não tem idade pra fazer. E você? Aprende a falar direito, filhote de Bob Marley.”

Deixando a raiva apenas no pensamento, dei uns mergulhos ou algo parecido com isso, e após espetar meu pé em alguma coisa que por sorte eu não soube o que era, voltei para a areia.
Até então eu só havia reparado nas mulheres, mas então percebi que também havia um motivo para reparar nos homens na praia.

As aparências ridículas.

Havia um casal a alguns metros de distância de onde eu estava sentado. A moça vestia-se de forma sensata, o biquine não era aquele fio dental que fica atochado no meio das bandas, mas era pequeno de forma sensual. Tinha os cabelos amarrados com aquele palito que algumas mulheres usam e que pra mim só tem uma serventia: Coçar as costas. Usava óculos escuros como os meus, e me levava a perguntar em pensamento se ela também os usava para espiar as pessoas do sexo oposto na cara de pau, sem ser notada. Mas então minha dúvida foi interrompida quando vi o parceiro da mulher...

Era de mais pra mim...

O cara era bronzeado do tipo amarelo de tanto Sol que havia tomado a força.
Tinha um cabelo raspado que deixava a mostra uma cabeça estranha e cheia de calombos.  Mas a pior parte sem dúvida alguma, foi ver a SUNGA do infeliz.

AH, VAI TOMAR NO CU!

O que leva um homem a vestir uma sunga? Me fala? Você que ta lendo isso, me diga o que tem de bonito em deixar um amendoim pendurado por um pedaço de pano?

Pra começar, se o sujeito tiver o bilau reduzido, vai ficar ridículo, vai parecer que ele tem um terceiro dedo mindinho. Se o sujeito for avantajado, vai parecer um cavalo em corpo de gente, ficar aquela coisa escrota quase saltando como uma berinjela viva e bom ou não pra ele em casa, na praia vai ser motivo de chacota.  O pior ainda não é isso, o pior é que os que usam sunga, são justamente aqueles que tem perna fina PARA USAR SUNGA.

O que custa admitir que sunga não combina com a pessoa?

Eu mesmo admito. Não sou desnutrido, mas sou magro, sem esse exagero bombado que vemos hoje em dia por aí. Fico bem de calça, calção, até cueca não me deixa tão magro, mas se eu boto uma sunga dessas apertadinhas fico igualzinho, igualzinho mesmo, UM GRILO ALBINO.

Aí ficam lá, aqueles homens com pernas finas, com um dedo apontado na sunga, sem camisa, com as marcas das costelas aparecendo e acham que tão abafando só porque tem uma mulher como o povo diz, boa. E mal sabem eles, que só tem a tal mulher, porque eles são tão feios a ponto delas saberem que não correm risco algum de perderem eles para ninguém e por trás dos óculos escuros, elas miram os Ricardões que passam pela praia, sem o marido grilo-falante notar.

Já disse que eu amo óculos escuros?

Bom, depois de analisar o comportamento masculino na praia, sentei e fiquei olhando para o mar, com toda aquela água desconhecida e supostamente mijada escorrendo nos ombros e nos olhos. Me senti um completo pamonha por ter ido até ali e não ter encontrado minha inspiração. Ela devia estar a milhas de distância há essa hora.
E agora só havia uma coisa a ser fei...

BOFT!

“Jesus, minha costela!” – eu gritei desesperado ao sentir uma batida forte do lado das costas. Como sou branquelo, a marca da bola de couro ficou estampada nas minhas costelas como um boi marcado. Olhei para o lado e vi ele, o macaquinho escandaloso do início do texto.

Como eu rezei para que o caiaque tivesse virado...

“Oi, moço, chuta minha bola aê!” – ouvi aquela voz estridente gritar, chegando cada vez mais perto. Agora bem próximo, pude ver que ele era medonho de mais para ser apenas uma criança. Os olhos esbugalhados e os dentinhos separados como se a mãe e o pai tivessem puxado um para cada lado. As orelhas extremamente salientes o aproximavam ainda mais da semelhança de um primata e como se não bastasse, senti um cheirinho leve de banana, mas devia ser minha imaginação.

“Essa bola é sua?” – perguntei com uma imensa vontade de enfiar o objeto guela abaixo do moleque e o ver sufocando. Mas me contive.

“É sim.”

“Hum.” – esperei um pedido de desculpas. Será que é muito? 

“Te acertamu??” – ele perguntou.


“VOCÊ É IDIOTA OU BATERAM MUITO NA SUA CABEÇA? NÃO TA VENDO ESSA CALOTA DE CAMINHÃO?” – pensei emputecido enquanto mostrava a rodela que ele havia me deixado nas costelas.

“Xiii, foi mal, moço.”

Foi mal.

O pirralhinho achou que ia se safar com um “foi mal”.

Ajoelhei pra ficar de igual pra igual com ele, coloquei a bola na areia e comecei a falar.

“Olha aqui, essa merda doeu pacas, você acha que é só...”

Quando olhei pro lado e vi aquele baita mondrongo de quase um e noventa vindo na minha direção pra saber quem era que tava coxixando com o filho dele. Ah, meus amigos, só me restou fingir que estava com o celular tocando e sair dali às pressas em uma simulação ridícula de alguém que estava tentando pegar o celular no bolso (já que eu havia deixado o meu em casa).
Sim, esse foi o final de uma inútil tentativa de achar minha inspiração.
Digo inútil, porque ao chegar em casa coberto de água suja, areia e humilhação, a encontrei andando pela casa, a minha espera com aquele sorriso sínico como quem diz “Você sempre procura pelo caminho mais difícil...”

É.
É duro admitir, mas é a pura verdade. Não adianta forçar a barra achando que iremos encontrá-la, não. Ela vem quando quer. Ou na pior das hipóteses, quando ela acha que precisamos.

Como diz alguém por aí... Relaxa e goza.

E como diz o velho ditado, sei que a bunda não tem nada a ver com as calças, mas já mostrei a vocês meu maior xodó? 








Linda igual a mim, neh?



                                                    NÃO OUSEM DIZER O CONTRÁRIO!

Grande abraço!

Procurados