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O autor desse Blog é estressado, ranzinza, sarcástico, mal amado, egocêntrico, pervertido, preguiçoso, boca suja e teimoso. O lado bom? Ele nunca mudará.

sábado, 16 de outubro de 2010

Um post fora do padrão.

1º Lembrete: Música de hoje na voz da colossal Marisa Monte (se eu não estiver enganado) com a música "Beija eu".
2º Lembrete: O post hoje ta ruim pra cacete, já vou avisando.
3º Lembrete: Sei que furei com os contos que prometi postar semana passada, mas resolvi da uma reformulada neles e escrever logo uns três capítulos para ambos, então pode sair a qualquer hora. 
4ª Lembrete: Alguém por acaso lê esses contos? Porra nenhuma, neh? 


Já estava com saudades de postar aqui.

Bati o record de tempo sem mexer no blog porque fiquei pra lá e pra cá essa semana tentando resolver um maldito problema na minha placa de vídeo nova. Sabe como pobre é foda, neh? Dinheiro perdido a toa é como um rim perdido. Vamos até o inferno pra cobrar o prejuízo.

Hoje finalmente sentei aqui para escrever.

Escrever sobre algo que tem me incomodado constantemente nos últimos dias.

Eu não gosto de falar necessariamente sobre mim, me sinto estranho e exibicionista quando fala algo do tipo “Estou sentindo...”. Por isso costumo apenas me usar como exemplo quando descrevo sobre certas situações, por ser obviamente um poço de esquisitices. Mas acho que necessariamente hoje, é algo que se passa restritamente comigo. Mas espero escrever de forma que não deixe meu blog como um diário virtual, pois acho isso para homem, uma viadagem sem tamanho.

Bom, sem mais rodeios, não sou o tipo de pessoa que se apega a idéia de sempre precisar ter alguém ao lado, ou um ombro amigo pra dizer o quanto sou bom em algo ou me aconselhar em momentos difíceis. Sou mais o tipo de pessoa solitária (não Emo, por favor) que gosta de ser assim. Que gosta de resolver as coisas por si só, que gosta de fazer algo bem feito sem ajuda e que não dá a mínima em sair sozinho ou passar noites em claro sem alguém ao lado na cama. Mas parece que às vezes, isso desmorona sem mais nem menos.

E é isso que me irrita pra caralho.

Eu odeio me sentir estranho ao ver um casal todo feliz e sorridente se agarrando em plena praça.
Não. Não é inveja. É algo próximo disso, mas com um tom diferente, parecido com saudade.
Sim, saudade dos tempos em que não era tão complicado.

Saudade de quando éramos crianças e não nos importávamos com nada que fosse tão sério quanto qualquer coleguismo. Saudade da época em que o sinal do recreio era mais importante do que um encontro às cegas. Saudade do tempo em que um suborno alimentício (eu era esganado e gordinho sim, e daí?!) da minha mãe, cobria qualquer suposta mágoa de criança. E uma saudade imensa dessa época em que eu qualquer diversão era suficiente para cobrir qualquer pensamento negativo.

Então voltamos para os tempos atuais. Onde pessoas sem o mínimo de inteligência na cabeça e com idéias deturpadas e formadas única e exclusivamente pela influência da TV sempre tem um par semi-perfeito e agem como se nada mais importasse?

Mas que porra é essa? Pessoas como eu que pensam (pelo menos eu tento), agem e dizem, tem uma dificuldade desgraçada pra se relacionar.

Como?

Simples.

Nós não conseguimos nos contentar com aquilo que realmente não faz parte da gente. Você encontra uma pessoa por intermédio de amigos, ou por acaso, apenas por pura atração física. Rola um papo legal. A coisa sobe de nível e a intimidade se aprofunda. E quando você se dá conta, já fugiu dali mais rápido que pulga em banho de cachorro. E é um looping sem fim isso tudo. Como se fosse cada vez mais difícil achar alguém que não só se afeiçoe a ti pelo que você é, mas que também seja da forma que você queira, ou melhor, da forma que você precisa.

Essa história de que os opostos se atraem é pura lorota. Pelo menos eu acredito assim, mentes diferentes pensam diferentes, agem diferentes e terão reações beeeeem diferentes na primeira merda que acontecer entre as duas.

Às vezes as pessoas relacionam a solidão de alguém com falta de capacidade ou exigência excessiva. Posso afirmar que não é nenhuma dessas duas causas. Pessoas como nós (caso alguém como eu esteja lendo essa bagaça) não são exigentes, são exatas. Sabemos o que queremos, e não temos esse lenga lenga de “qualquer coisa serve” e muito menos essa indecisão ridícula que a juventude atual tem, com todo esse papinho de “Você é a pessoa certa, mas no tempo errado”. E somos capazes de qualquer coisa independente de beleza, pois temos cérebro e acho que isso ainda funciona nesse século. Sou a prova viva disso, não me acho nada bonito e passo longe do exemplo perfeito de garoto saradão, mas me pergunto às vezes como diabos todas as namoradas que já tive foram bonitas. E olha que nem sou rico, heim. Pois é, amigo, lábia é um mérito que não trocamos por nada.

E então voltamos à velha questão

Porque diabos é tão complicado uma coisa que era pra ser tão simples?

Era só chegar, falar, levar no papo, fechar os olhos e pimba!

Já era.

Mas nãããão, tem sempre aquele diabinho no ombro esquerdo e o... diabo no ombro direito, ambos de mãos dadas e te mostrando que aquilo não terá futuro e o quanto antes você cair fora, melhor.

Não sou nenhuma alma perturbada e depressiva para ficar alienado pensando nisso o dia todo, é apenas uma coisa incômoda que surge volta e meia e nos faz perguntar se seria mais fácil não ter tanta opinião formada ou não ter amadurecido tão cedo quanto devia. É legal ser solteiro, na verdade posso dizer que é ótimo poder me divertir sem satisfações, sem telefonemas bravos ou poder beijar quem quiser sem compromisso. Mas sinceramente, tenho medo que tanta satisfação uma hora vire um vazio besta e sem sentido, e vocês me conhecem...

Eu odeio falta de sentido.

Perdão pelo post fraco e mais inútil do nunca.

Na próxima eu os compensarei com bastante palavrões e rabugices como de costume.

Grande abraço!

sábado, 2 de outubro de 2010

Um dia na praia.

1º Lembrete: O post não é grande como parece, mas como tem muito diálogo são necessários muitos parágrafos.


2º Lembrete: Estou devendo há muito tempo os segundos capítulos dos dois contos. Pois bem, eles virão no meio da semana!


3º Lembrete: Música passada do blog era "Chupee" (nome estranho mas música boa) e quem cantava era Cocoon. 


4º Lembrete: Música da vez: Can't Stand It e quem canta é Nevershoutnever (para visitantes novos, sempre lembrando que caso não goste, só pausar).


Bom, a idéia para esse post partiu a princípio, de um medo.

Sim, medo.

Medo de não ter absolutamente nenhuma idéia para postagem!

Tudo começou quando eu em uma bela quinta feira percebi que já iria fazer uma semana desde meu último post e eu geralmente posto duas vezes na semana. Passei algumas horas me divertindo no computador (lê-se alimentando vícios como jogos, filmes, downloads piratas e derivados) quando o medo começou a se apossar de mim. No começo era apenas uma sensação esquisita de falta de criatividade, mas após terminar minha diversão, sentar na sala e assistir a two and a half man (ok, podem enfatizar que eu sou sedentário e desocupado, obrigado) percebi que era mais do que isso.

Percebi que meu dom para escrever sobre as idiotices humanas estavam acabando!

Pela primeira vez eu estava sentindo na pele o que o super homem sentiu ao ser exposto a uma alta dose de criptonita verde.  Senti na pele o que Sansão sentiu ao ter sua cabeçorra raspada e o que o homem aranha sentiu ao ter seus poderes esgotados por um longo período dos quadrinhos.  O problema é que havia duas diferenças entre eu e esses três:

1º Eu não sou, nem serei ainda que em mil anos um herói.
2º Eu não sei o motivo de tal perca de poderes.

E isso estava me deixando louco. Dia após dia eu via meus seguidores e aqueles que eu sigo postando algo de novo, recheado de comentários e idéias legais em seus textos enquanto meu cérebro mesmo espremido como uma laranja não estava valendo nem o bagaço. Eu tentava escrever sobre assuntos sérios, e nada. Tentava escrever sobre coisas engraçadas, e nada. Tentava escrever sobre eu mesmo, E NADA.

“ONDE ESTÁ VOCÊ? MALDITA... VOLTE PARA MIM!” – eu gritava em pensamento para minha inspiração que havia me abandonado como um marido que diz “vou comprar cigarros” e nunca mais volta. Me senti a mercê do fracasso e estive prestes a deletar o blog em um ato impulsivo.

Mas, como nada nesse mundo acontece por acaso e o destino brinca com a gente como um adolescente depravado, estava prestes a vivenciar algo inédito naquele dia. Falei para mim mesmo:

“Irei à praia.”

Sim. Eu, a criatura pálida da noite estava prestes a se expor ao sol e caminhar pelas areias atrás da inspiração. Foi minha última cartada, era tudo ou nada. Matar ou morrer. Nadar ou correr de volta para casa e confessar que eu havia perdido minhas habilidades críticas. Eu precisava arriscar.

E assim fiz.

Levantei a bunda do sofá, vesti um calção vermelho que em conjunto com uma camisa regata da mesma cor me faria parecer o Chapolin colorado. Mas por consideração aos olhos alheios, vesti uma regata branca que por sinal, caso a pessoa me visse de longe poderia achar que eu estava sem camisa. Coloquei meus óculos escuros no melhor estilo “Eu sou sexy”, me olhei no espelho, estufei o peito e disse em alto e bom tom:

 “Mas que porra é essa?”

Eu dificilmente passaria despercebido daquele jeito. Cordão de madeira, pulseiras jamaicanas, óculos escuros, cabelo arrepiado (como podem ver na foto do perfil) e brinco na orelha esquerda, isso sem mencionar o calção de banho vermelho. Mas ok. Olhei mais uma vez e agora tentei dizer a mim mesmo:

“Vamo lá, garoto. Você irá arranjar algo lá. É pelo bem da ciência.” – sei que não tem nada haver, mas é que eu sempre quis dizer isso.

E assim eu saí.

Ao chegar à praia que fica a poucos metros do prédio em que eu moro, eu notei uma vibe sinistra passar pelo meu corpo, como se fosse um aviso. Como se os deuses da mitologia grega estivessem me alertando. Pude ver Zeus dizendo aos risos “Rapaz, o bagulho aqui ta sinistro, entra nessa porra não. Riariariariaria”

Ignorei meus instintos e segui em frente. Ao tocar os pés na areia e retirar o chinelo para andar um pouco até a água, já fui logo surpreendido pelo primeiro sinal que comprovaria a teoria de Murphy, aprimorada por Diego Dias, que diz “Se algo pode dar errado... volte para casa!”

“MANHÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ, POSSO ANDAR DE CAIAQUE?”

Foram as palavras que ouvi como um tiro de fuzil passando rente a minha orelha. Fiquei na dúvida por um momento se eu tinha uma espécie de super audição ou algo parecido, porque a porra do som vinha de um molequinho menor que um macaco e tão escandaloso quanto um, que ainda por cima estava há uns quinze metros de distância.

Bati o olho no pentelho e já pensei “Essa porrinha ainda vai dar problema.”

Mas não podia me distrair facilmente, eu estava lá por um objetivo, precisava encontrar minha inspiração, e estava pronto para surrá-la assim que a encontrasse.

Andei por alguns minutos na areia e pude contemplar os corpos mais sensuais que já havia visto na vida, e uma frase não parava de passar pela minha cabeça – PRAIA É UM PARAÍSO – e ela se repetiu por uns cinco minutos enquanto meus olhos pulavam feito uma pulga epilética de mulher em mulher e eu aproveitava meus óculos escuros que ocultavam meu olhar 43...44, 45, 46, a essa hora já havia perdido a conta. Mas, como nada é perfeito, nem mesmo esses momentos de frenesi tropical, senti que algo me observava bem de perto. A sensação de estar sendo vigiado aumentou drasticamente e foi comprovada quando olhei para o lado esquerdo e o vi.

O maior cachorro vira-lata que eu já vi em toda minha vida. 

“Você vai me morder?” – perguntei para o cão, em pensamento.



“Se você se mexer, respirar, piscar ou continuar olhando pra mim, provavelmente.” – entendi logo sua resposta ao ouvir aquele rosnado que faz nossa bunda ficar apertada de tanto medo.  

Antes que eu pudesse ter minha canela feita de brinquedo, um assobio desses que a gente só vê em filme, de tão alto e perfeito, cortou o ar. Era o dono do quiosque que supostamente tratava do pulguento. O cachorro partiu em uma velocidade tão grande em direção ao quiosque que eu pensei ter sido apenas uma ilusão para o safado. Aliviado e com o calção quase mijado de medo, continuei meu caminho e resolvi parar em um outro quiosque, para tomar algo.

“Quanto é a latinha?” – perguntei com um sorriso inocente.

 “Treis real.” – ouvi sentindo a revolta começando a tomar conta da situação.



“Três reais, moça?” – perguntei com a esperança de que a mulher não soubesse fazer contas e tivesse errado os preços.




“Vai querer não?” – recebi uma resposta que pode ser traduzida como “Se não for pegar essa porra, SOME!”.

Só de birra, peguei a carteira magrinha e amassada como uma uva passa, e tirei uma nota de cinco. Esperei ela pegar a latinha e me entregar, e obviamente meu troco.
Ela volta e me entrega ambas as coisas.

“Moça, acho que você confundiu.” – dei aquele sorrisinho todo sem graça mostrando o troco que ela havia me entregado.

“Confundi o quê? Mininu.” – ela me respondeu de uma forma malcriada.

Cara, é sério.

Não tem coisa que me deixa mais puto da vida do que me chamar de “mininu”, como se eu fosse qualquer moleque de rua.

“SUA FILHA DA PUTA, VOCÊ CONFUNDIU MEU TROCO.” – pensei enquanto meu olhar fixava naquela mulher parada na minha frente. Acho que perdi um pouco a noção do tempo. Devo ter ficado uns dez segundos olhando pra ela sem reação até que me dei conta e voltei a falar, dessa vez com seriedade.

“Você me deu R$ 1,50. Te dei cinco reais, e a latinha custa três. Então...?” – fiquei esperando ela fazer a conta.

Esperei mais um pouco.

Continuei esperando.

“ACORDA, CARALHO! SÃO DOIS REAIS DE TROCO!” – continuei pensando enquanto sentia minha pálpebra direita tremer de nervoso.

“Ai, desculpa viu, moço? To com a cabeça na lua hoje.” – ela responde roubando meu sorriso sem graça de antes, para ela.



Aaaaaaah, agora eu sou moço, neh? Agora deixei de ser o “mininu”. Quem ta sem graça agora, heim? Heim, energúmena?

Esperei ela me pagar e agradeci a “hospitalidade” de um jeitinho bem falso. Afinal, brigar para quê? São apenas cinqüenta centavos, não tinha importância. O importante era continuar a caçada em busca da inspiração.

Após beber toda a latinha, caminhei até a água, esperava olhar para o mar e encontrar lá minha inspiração, nadando como uma sereia. Ao colocar os pés na água, minha ficha caiu e me lembrei de uma coisa:

Eu odeio mar.
Motivos?  Sim, três:

Eu não nado bem, tenho trauma de infância e a única coisa que sei é me salvar, fora isso. Sou horrível em natação, pareço uma enguia com diarréia quando tento nadar direito. É horrível a cena.

Tenho agonia da água do mar. Na verdade evito tomar banho em todo local onde pessoas que eu não conheça também tomem. Neorótico? Não, apenas precavido. Pensa comigo, na piscina de um clube você tem contato com a água que não é trocada durante dias e está totalmente exposto a uma micose ou qualquer infecção de alguém que possa ser passada pela água, fora o mijo que sempre, eu digo SEMPRE é feito por algum porco que tem preguiça de ir ao banheiro. Agora imagina a água da praia onde tem gente que até cagar, caga? Pois é, Só mergulho em mar que a água é transparente, é como a água daqui é quase marrom, não me arrisco.

TEM ALGUMA COISA DE ERRADO COM O MAR DAQUI. Sério, a água tem uma espécie de espuma quando vem pra superfície, e não me refiro aquela espuminha comum que da por conta do atrito não. Me refiro a uma espuma amarela. Juro que se alguém aparecer aqui qualquer dia com três braços por causa de alguma mutação, culparei o mar.

Lembrando desses bons motivos, tive um duelo verbo-mental com o mar, no melhor estilo faroeste:

“Você é sujo.” – falei.

“Você é medroso.” – ouvi dele.

“As pessoas cagam em você.” – respondi com raiva.

“Você as inveja.” – ele respondeu.

Não brinque comigo, onde ela está?”

“Ela quem?”

“Você sabe”

“Sei?”

“Fale logo”

“Espera”

“Espera o que?”

“Qual de nós agora é o mar?!”

AH! Aquilo já havia me confundido, e para dar um fim a discução, fiz o inevitável. Joguei as roupas em um local visível e mergulhei como uma orca a procura de alguma foca para devorar.
Mas meu desempenho deprimente no raso me fez parecer uma criança desajeitada e exageradamente crescida. Para compensar minha desgraça, ainda tive o desprazer de escutar alguns garotos mais novos coxixando ao passarem por mim na água.

“Porra, marmanjo ficando no raso, deve saber nadar, não.”

“Poder creeeer.”

“PORRA, SEUS VIADINHOS! Sei fazer coisas que vocês ainda não tem idade pra fazer. E você? Aprende a falar direito, filhote de Bob Marley.”

Deixando a raiva apenas no pensamento, dei uns mergulhos ou algo parecido com isso, e após espetar meu pé em alguma coisa que por sorte eu não soube o que era, voltei para a areia.
Até então eu só havia reparado nas mulheres, mas então percebi que também havia um motivo para reparar nos homens na praia.

As aparências ridículas.

Havia um casal a alguns metros de distância de onde eu estava sentado. A moça vestia-se de forma sensata, o biquine não era aquele fio dental que fica atochado no meio das bandas, mas era pequeno de forma sensual. Tinha os cabelos amarrados com aquele palito que algumas mulheres usam e que pra mim só tem uma serventia: Coçar as costas. Usava óculos escuros como os meus, e me levava a perguntar em pensamento se ela também os usava para espiar as pessoas do sexo oposto na cara de pau, sem ser notada. Mas então minha dúvida foi interrompida quando vi o parceiro da mulher...

Era de mais pra mim...

O cara era bronzeado do tipo amarelo de tanto Sol que havia tomado a força.
Tinha um cabelo raspado que deixava a mostra uma cabeça estranha e cheia de calombos.  Mas a pior parte sem dúvida alguma, foi ver a SUNGA do infeliz.

AH, VAI TOMAR NO CU!

O que leva um homem a vestir uma sunga? Me fala? Você que ta lendo isso, me diga o que tem de bonito em deixar um amendoim pendurado por um pedaço de pano?

Pra começar, se o sujeito tiver o bilau reduzido, vai ficar ridículo, vai parecer que ele tem um terceiro dedo mindinho. Se o sujeito for avantajado, vai parecer um cavalo em corpo de gente, ficar aquela coisa escrota quase saltando como uma berinjela viva e bom ou não pra ele em casa, na praia vai ser motivo de chacota.  O pior ainda não é isso, o pior é que os que usam sunga, são justamente aqueles que tem perna fina PARA USAR SUNGA.

O que custa admitir que sunga não combina com a pessoa?

Eu mesmo admito. Não sou desnutrido, mas sou magro, sem esse exagero bombado que vemos hoje em dia por aí. Fico bem de calça, calção, até cueca não me deixa tão magro, mas se eu boto uma sunga dessas apertadinhas fico igualzinho, igualzinho mesmo, UM GRILO ALBINO.

Aí ficam lá, aqueles homens com pernas finas, com um dedo apontado na sunga, sem camisa, com as marcas das costelas aparecendo e acham que tão abafando só porque tem uma mulher como o povo diz, boa. E mal sabem eles, que só tem a tal mulher, porque eles são tão feios a ponto delas saberem que não correm risco algum de perderem eles para ninguém e por trás dos óculos escuros, elas miram os Ricardões que passam pela praia, sem o marido grilo-falante notar.

Já disse que eu amo óculos escuros?

Bom, depois de analisar o comportamento masculino na praia, sentei e fiquei olhando para o mar, com toda aquela água desconhecida e supostamente mijada escorrendo nos ombros e nos olhos. Me senti um completo pamonha por ter ido até ali e não ter encontrado minha inspiração. Ela devia estar a milhas de distância há essa hora.
E agora só havia uma coisa a ser fei...

BOFT!

“Jesus, minha costela!” – eu gritei desesperado ao sentir uma batida forte do lado das costas. Como sou branquelo, a marca da bola de couro ficou estampada nas minhas costelas como um boi marcado. Olhei para o lado e vi ele, o macaquinho escandaloso do início do texto.

Como eu rezei para que o caiaque tivesse virado...

“Oi, moço, chuta minha bola aê!” – ouvi aquela voz estridente gritar, chegando cada vez mais perto. Agora bem próximo, pude ver que ele era medonho de mais para ser apenas uma criança. Os olhos esbugalhados e os dentinhos separados como se a mãe e o pai tivessem puxado um para cada lado. As orelhas extremamente salientes o aproximavam ainda mais da semelhança de um primata e como se não bastasse, senti um cheirinho leve de banana, mas devia ser minha imaginação.

“Essa bola é sua?” – perguntei com uma imensa vontade de enfiar o objeto guela abaixo do moleque e o ver sufocando. Mas me contive.

“É sim.”

“Hum.” – esperei um pedido de desculpas. Será que é muito? 

“Te acertamu??” – ele perguntou.


“VOCÊ É IDIOTA OU BATERAM MUITO NA SUA CABEÇA? NÃO TA VENDO ESSA CALOTA DE CAMINHÃO?” – pensei emputecido enquanto mostrava a rodela que ele havia me deixado nas costelas.

“Xiii, foi mal, moço.”

Foi mal.

O pirralhinho achou que ia se safar com um “foi mal”.

Ajoelhei pra ficar de igual pra igual com ele, coloquei a bola na areia e comecei a falar.

“Olha aqui, essa merda doeu pacas, você acha que é só...”

Quando olhei pro lado e vi aquele baita mondrongo de quase um e noventa vindo na minha direção pra saber quem era que tava coxixando com o filho dele. Ah, meus amigos, só me restou fingir que estava com o celular tocando e sair dali às pressas em uma simulação ridícula de alguém que estava tentando pegar o celular no bolso (já que eu havia deixado o meu em casa).
Sim, esse foi o final de uma inútil tentativa de achar minha inspiração.
Digo inútil, porque ao chegar em casa coberto de água suja, areia e humilhação, a encontrei andando pela casa, a minha espera com aquele sorriso sínico como quem diz “Você sempre procura pelo caminho mais difícil...”

É.
É duro admitir, mas é a pura verdade. Não adianta forçar a barra achando que iremos encontrá-la, não. Ela vem quando quer. Ou na pior das hipóteses, quando ela acha que precisamos.

Como diz alguém por aí... Relaxa e goza.

E como diz o velho ditado, sei que a bunda não tem nada a ver com as calças, mas já mostrei a vocês meu maior xodó? 








Linda igual a mim, neh?



                                                    NÃO OUSEM DIZER O CONTRÁRIO!

Grande abraço!

Procurados