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O autor desse Blog é estressado, ranzinza, sarcástico, mal amado, egocêntrico, pervertido, preguiçoso, boca suja e teimoso. O lado bom? Ele nunca mudará.

sábado, 18 de setembro de 2010

Um filme e fato

Decidi que hoje simplesmente não irei me apresentar, sou horrível a cada vez que tento uma entrada triunfante nesse blog. Portanto começarei com os lembretes de praxe e partirei para o post.
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1º lembrete: Sim, o post como de costume será um pouco extenso. Dane-se, leiaa!!

2º lembrete: Nova música posta também com a opção de pause. 1º de Julho do legião urbana, e adaptada vagamente pela melhor cantora que esse país já teve, Cássia Eller.

Bom, nos últimos dois dias voltei com uma compulsão que eu tenho, a qual pensei ter abandonado durante um tempo. O vício de baixar filmes antigos ou pouco conhecidos por serem de outros países. Eu tenho essa mania quase insuportável de ver um filme cuja produção toda não seja holyoodiana e cismar que tem algo bom naquilo que ninguém ainda viu por não ser um filme de “etiqueta”. Felizmente, na maioria das vezes eu acerto.

Foi assim quando vi “Amores brutos”, um dos filmes mais intrigantes do gênero drama moderno, de origem mexicana (corrijam-me se estiver errado, embora fala-se castelhano no filme, não lembro ao certo se era México ou outro país latino). Foi assim quando vi “A outra história americana” com Edward Norton, de 1998 (embora seja de origem estadunidense quase não se ouvia mais falar após um tempo de seu lançamento). E com sorte ou meu inacreditável talento pra dar vida a coisas desconhecidas, foi assim com um dos poucos filmes que realmente mexeu comigo, o filme que eu vi ontem chamado “Les 7 Jours Du Talion”, um filme de origem francesa que pode ser traduzido ao pé da letra como Os sete dias de retaliação.
Vou lhes dizer apenas três bons motivos para verem:

1º - O filme não tem enrolação, chega a ser estranho pelo fato de estarmos acostumados com toda a embromação dos filmezinhos de hoje em dia. Ele não. Ele vai direto ao ponto, aperta logo a ferida que todos os outros tentam tapar. Os acontecimentos são rápidos e precisos, o que te leva a colar os olhos na TV para não perder nada.

2º - Ele é silencioso. Não é um filme com trilha sonora. Você simplesmente não tem aquela música de fundo em um momento de emoção ou em uma cena desesperadora. Pode parecer ruim, mas acredite, a sensação que isso causa, lhe faz ficar mais próximo do que você imagina do que os personagens estão sentindo. A cada sussurro na mesa de jantar após ocorrido. A cada conversa em voz baixa e a cada toque de telefone você percebe que sua atenção não se desviou por um só segundo.

3º - Ele lhe mostra finalmente, após uma porrada de filmes inúteis que tentaram e fracassaram, que um assunto sério, deve ser abordado de forma séria. Sem romancezinhos pra disfarçar ou piadinhas do herói para arrancar risadas.

O filme traz consigo durante quase toda sua exibição, um homem sendo torturado durante longos sete dias que parecem nunca chegar ao fim. Essas torturas variam desde ter o joelho esmagado por um pesado martelo até ser açoitado por grossas correntes, dessas comuns, de ferro.

Vocês devem estar pensando “Porra Diego, e isso lá é motivo pra ficar mexido ou pensativo? Seu sádico!”

Bom, poderia até não ser, se vocês aguardassem eu explicar, que o homem que está sendo torturado cruelmente por uma pessoa que ele nunca viu na vida, é o mesmo homem que estuprou e matou a sangue frio quatro garotas com menos de dez anos de idade e sorriu ao passar pelas câmeras de TV após ser preso por saber que após alguns anos estaria de volta nas ruas para saciar mais uma vez seu vício. E a pessoa que o está torturando, não é nada menos que o pai da última garota que ele violentou.  Durante todo o filme, eu pensei por alguns momentos que devia ter tido algo errado com a produção ou a forma que ele foi gravado. Cheguei a pensar que seria ao caso de inexperiência, do tipo marinheiros de primeira viagem, pelo fato do filme não conseguir lhe arrancar um desses colapsos momentâneos de emoção que os filmes de ação, romance ou terror causam.  Foi aí que minha ficha caiu e eu percebi que o filme foi realmente perfeito no objetivo que ele queria alcançar. É exatamente essa a intenção. O filme não tenta te passar repulsa pelo sangue, ele não tenta te passar uma revolta absoluta ou um desejo doido de torcer pelo herói. O que ele tenta e consegue passar, é o vazio enorme que aquele médico que tortura durante sete dias o assassino de sua filha, está sentindo por saber que aquilo não a trará de volta, e ao mesmo tempo por dever isso a ela, como pai. Não vou conseguir transmitir para vocês apenas em palavras como é essa sensação estranha durante e após assistir um filme desses, porque apenas assistindo vocês podem constatar. Pode ser que não concordem com merda alguma do que eu tenha dito, mas sinceramente, ao menos para mim, foi o tipo de filme que depois de assistido nos faz ter uma real e mínima noção do que é ter a maldita pedofilia rondando nossas vidas. Eu digo mínima, pois não é um único filme ou uma única reportagem diária na TV que nos mostrará de verdade o que é ter uma criança da nossa família vítima de algo tão hediondo. Só quem passa por esse tipo de coisa tem o direito de reclamar, se revoltar e tomar qualquer medida drástica a respeito, e essa é uma situação que obviamente todos nós torcemos para nunca passarmos um dia.

Pode parecer besteira aos olhos de um ou outro, mas sempre que vejo algo assim, seja em filmes ou jornais, não consigo evitar a mesma pergunta:

Será mesmo, que se a punição no país fosse mais severa isso poderia ser evitado?

Não sou do tipo que acha que a violência deve ser combatida com violência, mas não posso ser hipócrita a ponto de pensar que não seria melhor se nosso país que muitos idolatram mesmo com toda essa porcaria acontecendo diariamente do lado de fora de nossas casas e estampado em jornais e revistas, tivesse um sistema que punisse de forma severa quem cometesse um crime desses. É ridículo o fato de que a violência gera medo, e o medo gera respeito? É!

Com certeza.

Mas não podemos negar que isso é sim, eficiente!

Obviamente, pessoas que são capazes de matar por puro sadismo, que são capazes de violentar uma criança ou criar uma série de assassinatos, existem de toda forma e em todo lugar. Mas essa história de que não adiantaria de nada ter uma política de absolvição mais estreita ou leis de execuções aprovadas em determinados Estados é besteira. Essa história de simplesmente poder alegar insanidade mental e toda essa veneração dos direitos humanos que só existe aqui, é PURA CONVERSA DE PUTA.

Você sabe o que é uma conversa de puta? É toda desculpa banal que é usada para mascarar o medo que nossos poderosos deuses do colarinho branco tem de comandar o país com pulso mais forte sem gerar dor de cabeça. É medo de implantar algo que possa mudar drasticamente a forma como as coisas são dirigidas no país ou simplesmente porque alguém que desfila de carro de luxo e anda colado de seguranças não precisa se preocupar com a segurança dos próprios filhos que nessas circunstâncias tem menos de 3% de chances de serem pegos por um maluco do tipo comentado lá em cima. A verdade mesmo, é que eles se preocupam mais em controlar o maldito tráfico de drogas do que cuidar de outras coisas que ainda são de interesse nosso, deles e de toda uma nação. Mesmo sem saber que se as coisas mudassem da forma dita antes, possivelmente a história seria outra e eles não teriam tanto trabalho com o tráfico. Ou vocês acham que veríamos com a mesma freqüência, um bostinha de menos de treze anos que nem barba tem, assaltando gente de bem, no meio do trânsito? Acha que veríamos com a mesma freqüência, mães chorando na TV porque o filho foi morto em bala perdida ou porque perdeu o filho pro tráfico?

Da vontade de rir com isso tudo. Afinal, é só o que nos resta.

Você pode até ter achado que eu me desviei um pouco do que eu comecei falando, mas acredite, minha revolta principal nesse post ainda é a mesma. Não sou pai ainda, e não sei quando ou se vou ser um dia, mas como tio de uma garotinha dois anos e uns quebrados, eu sequer consigo imaginar no que eu seria capaz de fazer apenas cogitando a possibilidade de uma tragédia dessas acontecer um dia. Criança é um bicho sapeca, um bicho infernal às vezes, admito. Mas ainda sim, além de inocentes, são totalmente incapazes de se defender de algo tão medonho. Mesmo querendo eles não conseguem, nem mesmo contar para os pais quando algo desse nipe acontece. Eu mesmo, posso afirmar isso. Nunca sofri nenhum abuso, mas quando criança passei bons meses com medo de sair todos os dias para ir na rua por conta de um sujeito que passava de bicicleta e olhava de um jeito absurdamente abusivo a ponto de um dia ter parado a bike e me esperado na frente da esquina.

Puta merda, aquele dia eu nunca corri tanto pra chegar em casa.  Agora depois de grande eu caio na risada por ter sido burro e nunca ter contado a minha mãe, com quem eu morava na época, mas também lembro que quando se é criança, nada disso é tão simples quanto parece.  A gente tem vergonha, a gente tem medo de um repudio que sequer vai existir de nossos pais.

Eu sei que com meu post não vou mudar porra nenhuma no país, até porque mais fodido do que ele já é, não da pra ficar (Nem com o tiririca sendo eleito). Só não quero ser mais uma pessoa que fica calada e encara uma absurdo desses com normalidade, deixando a mercer da justiça falha que nós temos.

Porque às vezes meus caros amigos, se nem a força resolve as coisas...

O que dirá a pura e hipócrita diplomacia.

Abração.

3 comentários:

  1. NOssa, senti tua raiva daqui. Mas pedofilia é algo tenebroso mesmo. Imagina todas as implicações psicológicas que crianças abusadas tem, isso e muitas outras coisas.
    Quanto a tua pergunta, eu acho que diminuiria, mas certamente não ia acabar com a pedofilia, até porque doido tem em todo lugar e sempre terá. Mas aí tem também o outro lado. No lugar de querer matar o infeliz que estrupou a criança não seria melhor prevenir que isso acontecesse? Hoje em dia tá tudo tão acelerado que os pais nem tem tempo de reparar nos próprios filhos. Vão deixando eles por aí. Claro que isso não acontece com todos, como tu disse tem o fato de algumas muitas crinças terem medo e vergonha de falar. Fora quando os q abusam são da própria família. Sim, mas isso é outro assunto.
    Se bem que pensando bem, acho que punição seria uma boa prevenção. Imagina:
    - Será condenado a castração que for culpado de abusar um menor de idade.

    Ah, fiquei com vontade de assistir esse filme, mas já desisti de baixar filmes. Minha internet me odeia, sempre quebra o link e eu fico azul de raiva. Então pra evitar estresse eu parei de baixar.
    Beijos.

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  2. Caramba, realmente é assunto revoltante e eu confesso que não gosto nem de pensar, sério.
    Talvez por eu ter justo essa 'sobrinha' dentro de casa. Tenho um rapazinho de 2 anos e 10 meses e isso me deixa ainda com mais medo. Mas acho que é hora de mudar esse mundo, ou ao menos tentar.
    Se cada um demonstrar a revolta que você conseguiu passar e justamente conseguir o apoio de quem tem esse poder, acho que notaríamos alguma mudança. :( Uma pena.

    Quanto ao filme, não conheço esse filme e acho que não conseguiria vê-lo. Tortura pra mim é foda. Por mais que seja 'justa'.
    Mas falando de filme bom, não sei se é o seu estilo, mas é antigo. Um é "Paris, Texas" e o outro é "Tomates verdes e fritos". O segundo é um estilo mais feminino, mas é legal. E foi indicado por um amigo, acredite! :)

    Sobre o meu texto, eu mudei o fim sim porque não quero que os meus textos sejam taxados com um só estilo, sabe? Amor não correspondido, sofrimento, solidão. Apesar de gostar mais de escrever nesse estilo. :) Mas quero abordar outros assunto, quem sabe um sobre pedofilia? :)
    Quero ver se tenho criatividade ao ponto de construir um texto bom.

    Mas ai Diego, acho que não conseguiria nem começar um texto maior. Acho que essa capacidade que você disse ainda não tenho. :(
    Masss, quem sabe? Não é um objetivo meu, mas pode vir a ser. ;)

    Obrigada pelos diligentes comentários e que contribuem bastante para a continuidade do Blog. :)

    Estava fazendo umas fotos de uma amiga, peguei esse chapéu usado em festas de formatura e ao acaso, consegui essa foto. Por sinal, também adorei. Original.
    E por curiosidade foi editada por um amigo, Filipe Fagundes. Dono do Blog http://paposemfirula.blogspot.com/.
    Tem umas fotos dele no Flickr: http://www.flickr.com/photos/filipefagundes .
    Caso queira ver. :)

    Beijo e perdão pelo tamanho do post. Acho que é a 'convivência'. haha.

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  3. A você me falando sobre isso eu me lembrei de outro filme chamado tráfico humano, bem pouco conhecido por sinal, o 2º filme me interessou bastante não gosto de fundos musicais.
    O pior blog de todos tbm é cultura, aprendi o que é conversa de puta, estou frequentimente expandindo meu vocabulário aqui HSUAHUSHUSH'

    Hoje vou parar por aqui, estou meia sem tempo, resumi ao máximo hahaha'

    beijos'

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